Percepção da importância da educação permanente em saúde nas equipes de atenção primária à saúde: ênfase na epidemiologia local

Resumo

Objetivo: Descrever a percepção dos profissionais das equipes de atenção primária à saúde do município de Porteirinha-MG em relação à educação permanente em saúde desenvolvida e perceber a interlocução com a epidemiologia. Materiais e Métodos: Trata-se de uma pesquisa qualitativa voltada à análise de conteúdo. A pesquisa foi realizada, em caráter de teste piloto, com 14 profissionais atuantes nas unidades básicas de saúde da cidade de Porteirinha em Minas Gerais, por meio de entrevistas individuais, que abordaram os objetivos da pesquisa. Este trabalho apresenta resultados preliminares da aplicação desse teste piloto. As entrevistas foram gravadas e realizadas nas unidades de saúde de atuação do profissional. A partir do corpus formado pela transcrição das entrevistas, iniciou-se a análise com a leitura maciça dos dados e seu agrupamento, dos mesmos, visando possibilitar recortes que retratem o cerne do conteúdo. Resultados: Os 14 profissionais entrevistados são do sexo feminino (85,71%), pai/mãe (85,71%), possuem até 40 anos (85,71%), não negros (100%), casados/união estável (64%), recebem até três salários mínimos (71,43%), possuem tempo de formação de até 10 anos (50%) e possuem mais de dois anos de trabalho no cargo (64%). A maioria dos profissionais entrevistados desconhece o termo de educação permanente em saúde. Os participantes consideram importantes as ações de aprendizagem e não mencionam abordagens sobre temas relacionados à epidemiologia local em nenhuma das ações desenvolvidas anteriormente. Referem fatores dificultadores, como sobrecarga de trabalho, falta de tempo, de interesse e de apoio institucional para a execução das ações relacionadas a esse tema. Por outro lado, a melhoria dos quantitativos de recursos humanos, participação de profissionais com autoridade no tema, a integração da prática e teoria, o uso da internet e rodas de conversas como recursos didáticos, e a realização das ações durante horário de trabalho foram mencionados como estratégias para a efetivação da educação permanente em saúde. Conclusão: Verifica-se que os profissionais entendem a importância da educação permanente em saúde, mas não possuem um conceito claro. Observa-se, também, que existem muitas lacunas de conhecimento que poderiam ser abordadas nas ocasiões de capacitação, incluindo a análise epidemiológica de cada área de atenção primária, e isso poderia ser útil ao pensamento clínico, nas investigações epidemiológicas e no planejamento de ações mais específicas. A análise do perfil epidemiológico dentro da metodologia sugerida da educação permanente em saúde pode ajudar as equipes de atenção primária à saúde a criar estratégias para melhorar a realidade local.